1 de novembro de 2010

Chico

Hoje seguramente é um dos dias mais tristes da minha vida.
Desapareceu um elemento da minha família.

O Chico foi um cão como nunca vi na vida.
Foi o único cão que vi até hoje em que até as pessoas que tinham pavor de cães se chegavam a ele e ficavam apaixonadas pelo seu olhar, pelo seu jeito, pelo seu ar fofo.
Era uma ternura de animal. Era o meu Chiquinho doce.

Custou muito saber que tinhas que partir, mas não era humano continuar a deixar-te sofrer. Não o merecias, nem pensar.
As palavras são tão poucas para descrever a mágoa que cai sobre mim neste momento e ao mesmo tempo a felicidade em ter tido um companheiro como ele. Foi mesmo um companheiro.
Quantas vezes chorei com ele, agarrado que nem um perdido enquanto que ele apenas se deixava estar quieto ou então dava-me beijos a tentar consolar-me; quantas vezes ralhei com ele por se ter portado mal e ele com o rabo entre as pernas ou às vezes furioso por estar a ralhar mas no fim depressa fazíamos as pazes.
Até tinhas por vezes direito a prendas de Natal. Ou era uma coleira, ou um brinquedo qualquer. Mas adoravas sempre.

Era impossível não amar aquele cão.
Impossível.
E impossível é ficar indiferente à perda de um familiar.


Serás sempre o meu Chiquinho cão.

Meu Deus, o que foi fazer sem ti?
Não te esqueças de nós; seguramente ninguém se vai esquecer de ti.


Obrigado por teres estado sempre do nosso lado durante estes maravilhosos 18 anos.
Mesmo que muitas dessas vezes tenham sido a dormir, verbo esse que conhecias bem.
Ainda nem um dia passou e já tenho saudades tuas.















[16/08/1992 - 31/10/2010]


Amo-te Chico. Muito.


Miguel


3 comentários:

  1. O Chico veio para nossa casa em Vale de Vaz, em Novembro de 1992, com cerca de 3 meses. Foi-me dado por uns amigos de Viseu. Branquinho, era uma bola de pêlo. Fofo. Brincalhão. O Miguel tinha 7 anos e o Nuno tinha 14. Desde sempre que se habituou a dormir nas nossas camas. Debaixo da roupa. Ia mudando de cama para cama, da nossa para a dos miúdos e da dos miúdos para a nossa, toda a noite nesse fadário.
    - Chico, chega-te pra lá, porra!!! Olha para este carneiro, com a cabeça na minha travesseira...Arreda. Este gajo é impressionante. Nem pisca!!!
    A Natália teve em 2001 um problema sério de saúde e passou muito tempo acamada. O Chico passou dias inteiros junto dela, sem comer nem beber, nem fazer as necessidades. Para sair de ao pé dela, tinha de ser ao colo e à má-fila.
    Acompanhou-nos sempre para todo o lado. Praia. Campo. Serra. Campismo. Para casa de amigos e para casa de familiares, os quais sempre o receberam tão bem com a nós próprios. Para os hotéis onde ficávamos em férias. Sempre. O Chico era o 5º elemento da família. Onde nós estivéssemos, o Chico tinha de estar. Ou não estávamos nós.
    Escrevi-lhe no Domingo, na despedida, no meio de um banho de lágrimas, um bilhete que dizia mais ou menos isto:

    Chico
    Obrigado por tudo.

    Pela diversão
    Pela companhia
    Pela lealdade
    Pela dedicação

    Dorme bem.
    Até amanhã.
    Até sempre, Chico, meu menino cão...

    Natália
    Helder
    Nuno
    Miguel
    Cris
    Pedrinha
    Kikas
    Nina

    Deixámo-lo em casa do Nuno no Domingo à noite para ele se despedir dele e tratar do (doloroso)resto. O Nuno enviou-nos uma mensagem no Domingo à noite:
    "O Chico já não tem frio. Pedi-lhe um sinal e ele lambeu-me a mão."
    A Natália, quando a leu, deu gritos de dor. E eu chorei de novo. Muito. Mas sei que quando Deus quiser havemos de nos reencontrar, porque uma relação como esta não morre. Apenas se interrompe. Só não sabemos por quanto tempo.

    Nota: 18 anos é uma vida muito longa. Para quem não sabe, o 1º ano dos cães corresponde a 20 anos. Os outros correspondem a 5 cada um. Ou seja: O Chico tinha 20+(5x17)=105. Apenas o carinho e o muito cuidado que sempre tivemos com ele permitiram uma tão longa e tão agradável vida, que encheu as nossas vidas de uma enorme felicidade.

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  2. «Mas sei que quando Deus quiser havemos de nos reencontrar, porque uma relação como esta não morre. Apenas se interrompe. Só não sabemos por quanto tempo.»

    subscrevo inteiramente.

    como dizia alguém que escreve bem melhor do que eu, A morte é a curva na estrada, morrer é só não ser visto.

    eles* estão sempre connosco. não o sentes, miguel...?

    BEIJO

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  3. Olá meus queridos Amigos!
    Chico... quem não se lembra e lembrará dele?!
    Só quem teve a sorte de ter tido a oportunidade de partilhar Amizade, Carinho e Amor incondicional com um amiguinho de 4 patas sabe o quando doi e custa quando os vimos partir... Mas sem duvida, é graças a eles que nos tornamos melhores Seres Humanos. (não são eles muitas vezes mais "humanos" do que nós?!)
    Um dia li algures "O que uma vez desfrutámos, jamais nos será retirado".
    Acredito que um dia... seja de que modo for, voltaremos a estar juntos!Até lá... nos nossos corações, eles permanecem vivos!
    Beijo enorme com muito carinho

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