14 de julho de 2008

Nostalgia

Sou uma pessoa muito nostálgica. Sempre o fui. Como dizia o Vítor Espadinha, e recordar é viver... Sempre fui muito agarrado às minhas raízes, ao meu passado. Há quem pense que isso me possa destruir mas ao mesmo tempo que me solidifique. Neste caso, vou falar da noite. Como vocês sabem (assim o penso), eu sou DJ. Gosto de tocar uma musiquinha quando posso para animar a malta. Quando me perguntam és residente onde? eu respondo com um sorriso na dentadura: no meu quarto quando quero!
Hoje em dia, há mais DJ's que as meninas que trabalham à noite como os texugos.É um facto. Qualquer um pode gravar um CD com o Top Ten da Rádio Cidade. Então que se faz? Vai-se para uma cabine, cobra-se uns três ou quatro finos ao dono do bar e vai-se para lá ser a animação da noite. E pronto. Umas Larockadas e umas Sinclaradas e está a andar. Sem falar que hoje em dia não é o House que os amantes- e connaiseurs- conhecem. Estou a falar de um House melódico, com muito Gospel, Soul e Funk. Ao estilo do grande e único Frankie Knuckles. Hoje em dia qualqer coisa é chamada de House.
Entã vão os cachopos todos juntos para a discoteca beber uns finos porque os pais pensam que eles foram dormir a casa uns dos outros. E claro, usam e abusam. Fazem basqueiro na rua, as miúdas andam com pouca roupa (no meu tempo não havia nada disto, infelizmente) e os putos a dar três passos e a tirar a gadelha da frente dos olhos. Já nem tanto, visto que a Morangada agora usa roupa e cortes de cabelo que em tempos era visto como um estilo marginal. Mas como agora eles usam, tasse bem.
Então o que é que eu faço? Andor e cagona e lona. Quem está mal muda-se, 'né verdade?

Eu reparei- e reflecti em demasia, para ser franco- bastante no que disse anteriormente quando no dia 27 de Setembro de 2007 fui aos anos de uma amiga minha. Ela fazia 18 anos.
Fomos jantar fora depois fomos beber um copo a um bar em Coimbra. O Procura-me (eternamente conhecido como o Tapas).
Acreditem que até me senti mal. Era só cachopada lá dentro e até cá fora.
Só via miúdos por todo o lado.
Lá dentro deviam estar cerca de 100 pessoas. Estava à pinha. Dessas 100 pessoas, eu diria que apenas 10 eram maiores de idade.

Chega.
Já não tenho paciência para isso. As discotecas não tocam a música que aprecio.
Os bares estão sempre cheios, com álcool por todo o lado.
Putos nem os posso ver à frente.

Então olha, pura e simplesmente não saio. Quando saio, é para locais calmos, com uma boa companhia e uns bons dedos de conversa.
Neste preciso momento, o chamado sair à noite- entenda-se chegar tarde a casa- apenas se aplica a dois locais:

Via Latina
Mondego Irish Pub

Com a vossa autorização (que não vale de muito HAHAHA) vou falar desses dois locais e o porquê de serem dos meus locais de eleição:



Via Latina

Comecei a namorar com uma rapariga chamada Mia a inícios de Maio de 2007. Saíamos muitas vezes e ela apresentou-me a irmã- a Sara. Consequentemente, esta apresentou-me o namorado dela, o Mário. Na altura, eu sabia que aquele pessoal era o "pessoal gótico" de Coimbra. Faziam parte do grupo a quem a plebe gostava de rotular. Inclusivé um amigo meu- penso que se pode dizer assim- de longa data, o Rui.
Gente porreira, de bons modos e com muita boa disposição. Só não cheguei a ir a nenhum sacrifício de cabras (talvez por estes nunca terem acontecido, não vos parece?).
Era engraçado eu estar no Cartola no meio daquela gente toda vestida de preto, a terem conversas sobre todo o tipo de assuntos e eu no meio a ouvir e a intervir na conversa. Muitas das vezes não sabia do que falavam, devido aos gostos musicais que lhes pertenciam e não a mim.
Mas gostava de estar com eles. Eram porreiros.

Entretanto a vida continua e o meu relacionamento com a Mia tinha terminado.
Por algum motivo (não me perguntem porquê) passado quase um ano eu comecei a ter contacto mais frequente tanto com a Sara como com o Mário. Não que eu tivesse deixado de falar com eles, apenas comecei a ter um contacto mais regular. Então, já a Mia namorava de novo com o meu Mike- não, não me fez confusao ela namorar com o meu melhor amigo- quando surgiu o convite para ir a uma Revival Night na Via. Eu lá fui. Com o Mike e com a Mia, lá entrámos.

Musiquinha dos anos 60, 70 e 80. E, sendo eu um grande adepto dessa época- mainly 80's- gostei bastante. Lá vi o Mário a tocar os seus sucessos dignos de uma boa abanadela de corpo. Mas o que mais me fascinou foi o facto de aparecer lá o tal "pessoal gótico" (alguns não me conheciam de lado nenhum), juntarem-se a mim e começarem a dançar comigo como se eu fosse um deles. Muitos deles estavam a falar comigo pela primeiríssima vez! Era a sensação de mi casa es su casa, friend of my friend is a friend of mine. Mas tudo despoletou quando vejo tudo aos pulos- "góticos" inclusivé- a cantar o grande hit dos Heróis do Mar- Paixão. Isso sim é que me fez ver: o pessoal que gosta de rotular bate mal dos cornos, só pode...!
Eu vejo a Via Latina à pinha e vejo toda a gente a dançar e a pular ao som da Paixão. Acreditem que para mim foi uma das sensações mais libertadoras e fabulosas por que passei até à data de hoje. Estive lá até ao raiar do dia.
Era impossível parar, ir embora a meio. Era...viciante.
E em todos os últimos sábados eu tenho o maior prazer em aparecer dentro daquele mítico espaço conimbricense- mesmo que seja sozinho, pois sei que mais cedo ou mais tarde aparece gente conhecida- para me fascinar com aquela música que me liberta e que me alivia de muita dor e solidão. Alegra-me a mim e ao Mário. Gosto de o ver tocar. Com ou sem copos, ele vibra com a música e não pára quieto durante a noite toda. É claro que para o fim da noite- entenda-se início do dia-
o Mário já cambaleia um pouco, mas nada que uma boa noite -entenda-se manhã e/ou tarde- de sono não resolva. Acabando a dita festa, vamos todos tomar o pequeno-almoço a algum lado e depois cada um para seu canto. Recomendo vivamente. A mim traz garantidamente paz de espírito e um conforto musical que me transcende. Sempre que venho da Revival, venho outro. Mais leve, mais open minded. É como se ouvir aquela música me levasse para os meus momentos de garoto que passava a tarde inteira a ouvir Sandie Shaw- Puppet On A String entre muitas outras músicas enquanto a minha mãe aspirava a casa. E pulava, pulava, pulava... Uma energia inesgotável que ressuscita quando entro no último sábado de cada mês dentro daquele espaço. Além de ser um bom DJ, é um bom amigo. Em pouco espaço ganhei a amizade de uma pessoa que quem conhecer como eu conheci, decerto que não se arrependerá. E com um enorme gosto musical.



Mondego Irish Pub

Foi engraçado a forma como me liguei a este espaço já muito conhecido em Coimbra. Apenas tinha ido lá duas vezes antes de passar a ser da casa. No dia de anos do meu irmão, a 5 de Abril deste ano, eu fui lá a um lanche-ajantarado em casa dele e da namorada- que faz anos no dia anterior. Conheci lá um rapaz chamado João Peneda. Já tinha ouvido falar dele no passado. Lembro-me de o ter visto actuar uma vez na Figueira da Foz e de ter apreciado bastante. Visto que as conversas são como as cerejas, lá me juntei ao moço e comecei a falar com ele.

Fiquei asorvido pela conversa. E ele também, pois já estava atrasado para ir actuar nesse mesmo dia no Irish. Recordo-me de ter começado a falar com ele por volta das 16H e termos terminado cerca das 22H. A forma como ele fala das coisas, da própria música e como ele a vive encaixavam tão eloquentemente nos meus pensamentos que via que ele só poderia ser um grande músico. Muito terra-a-terra, com um ideal de vida muito concreto e bem delineado, o João vive para a música. Foi em tempos mágico- bem que me fez sentir idiota durante uns breves momentos lá nos anos do meu irmão com aquela destreza de mãos a mexer e remexer nas cartas- e depois seguiu a carreira de músico. Ele não a começou do zero. Apenas a começou profissionalmente. Dono de uma voz que não é nada por aí além, mas no entanto a simplicidade e naturalidade com que ele actua faz com que a voz só por si encante quem a ouve. Sempre que posso vou ouvi-lo ao dito Irish, acompanhado de um amigo meu, o Diogo. Ambos gostamos daquele tipo de música. Ao sabor de um chocolate quente- que com a maior das esperanças pela parte do Nuno, gerente do Irish e o irmão do Mário, faça com que eu me borre todo, pois ele diz que dá muito trabalho fazê-lo- , ouço as covers, músicas que me levam desde o tempo de puto que ia para as aulas de carro com o meu pai a ouvir e a trautear a música, até aos dias de hoje de adolescente, em que as vivo, ouço e canto no meu próprio carro. Todas essas músicas me levam a locais, pensamentos, sentimentos, emoções. E mesmo que não levem, apenas o prazer de as ouvir a serem cantadas por uma pessoa com tanto amor pela sua profissão faz-me pensar na forma como eu, o Peneda, o Mário e muitas outras pessoas vivem a música e literalmente a respiram. E fico orgulhoso por fazer parte de um pequeno rol de seres humanos que assim pensam e tornam grandioso este amor imcomparável.
Citando Adolf Hilter:

"Só se pode lutar pelo que se ama, só se pode amar o que se respeita e respeitar o que, pelo menos, se conhece."

Dito isto, deixo uma música que penso que fala bastante de nós. De mim pelo menos...

Abraço a todos



John Miles- Music



"Music was my first love
And it will be my last
Music of the future
And music of the past

To live without my music
Would be impossible to do
In this world of troubles
My music pulls me through

Music was my first love
And it will be my last
Music of the future
And music of the past (3x)

Music was my first love
And it will be my last
Music of the future
And music of the past

To live without my music
Would be impossible to do
'Cuz in this world of troubles
My music pulls me through"



12 de julho de 2008

"Pôm pôm pôm pôm! Quêjo quêjo!"

Expressão curiosa, de facto.
Ainda mais curioso é eu ter um blog. Pois é meus amigos, eu decidi ter um blog. Como cá entre os Rochas se diz, a minha alma está parva e o meu espírito taralhoco. Eu, que até fiquei surpreso ao ver que o meu pai (o Sôr Helder) aderiu à mania dos blogs, ainda mais fiquei quando me passou pela mona a seguinte frase:

Apetece-me ter um blog.

Acreditem que fiquei.
Mas pronto, siga para bingo.


Porquê o blog? Boa pergunta.

Como sempre gostei de escrever (tenho uns quantos ficheiros guardados lá no PC), às vezes despejo algumas coisas para o teclado. Uma das últimas até deu 'pó torto porque recebi como resposta um há coisas que nunca mudam, não é?, seguido de um bater de porta.
(Aposto o cu e cinco tostões em que estás a ler isto neste preciso momento.)
Então estava eu ontem a beber um café com uma amiga de longa data em que a sua frase favorita (pelo menos quando está ao pé de mim) é a já me estás a irritar!, com a sua minúscula mão levantada, alegando um estalo, com um ar pouco ameaçador. (lol, parvo.)
E com isto me lembrei.
Há muita coisa que felizmente (ou infelizmente) me irrita neste Mundo. Sempre fui muito mesquinho (que o digam as pessoas a quem não dirijo mais palavra), mas muito terra-a-terra, cu no chão. Não me iludo; não sou influenciável. Digo o que penso, sabendo as consequências. (Uma delas era um abraço ou um bater de porta; escolheu o bater de porta.)
Dito com eufemismos, piadas, bocas, de forma arrogante ou o mais agradável possível, digo as coisas.

Porquê este título?

É uma boa frase - fica no ouvido, é catchy - e ao mesmo tempo diz muito.
Vejamos:



Percebem?
Não?
Eu passo a explicar:

Como disse anteriormente, eu venho aqui falar do que quero.
E, acima de tudo, pelo meu prisma. Comigo as coisas são ou não são. É catapum, pum. É pão pão, queijo queijo. Capiche?

E, ao mesmo tempo, são coisas que me deixam speechless (como ficou o amigo Rui Unas com tal afirmação), coisas que acontecem na sociedade e que me deixam com a alma parva e o espírito taralhoco. Fico de boca aberta por não conseguir perceber a razão pela qual certas e determinadas pessoas fazem certas e determinadas coisas.

É óbvio que daqui a uns tempos eu vá falar de assuntos que nada têm a ver com o título, que nem interessam ao Menino Jesus. (outra bela expressão típica dos Rochas) Quem sabe se eu não cago para isto daqui a um ano e fica aqui a ganhar pó? Whatever, não interessa.
Faço-o para me divertir, para libertar as frustrações, para rir, chorar, deliberar.
Sobretudo para me sentir bem. Quanto a vocês, são meros espectadores.
Sintam-se como o portuga que adora berrar para o árbitro que se encontra dentro da TV. Aqui é - mais ou menos - a mesma coisa. Não vos deve valer de muito, mas não menosprezo críticas (independentemente de serem construtivas ou destrutivas). O que estou a querer dizer é que não sou pessoa de se deixar levar. Podem dizer o que pensam, mas o que digo mantenho. Influência não joga a meu favor. Cá 'pra mim vou abordar a influência muitas vezes nos meus futuros posts... Não sei porquê, mas estou com o desconfiómetro no vermelho - expressão do Sôr Helder - e por isso talvez não vão passar disso: comentários.
A ver vamos...

A todos, desde já o meu obrigado por perderem um tempinho do vosso tempo a ler isto (até a ti que bateste a porta).

Miguel Rocha